Ficando nas cidades um pouco maiores, a JEC realmente movimentava muito a Juventude Estudantil. Por volta de 1962 e 1963, fazíamos concentrações de 15 a 20 mil jovens, com caminhadas e dias de encontro. Praticamente todos os colégios católicos tinham seus grandes núcleos de JEC.
Veio a Revolução de 1964, muitos líderes da Ação Católica se manifestaram contra os ideais daquele movimento revolucionário e foram enquadrados nos assim chamados "subversivos", isto é, "perigosos" para o momento político que então se vivia.
Os grupos JEC e JUC foram acabando, lamentavelmente. Tinham formado grandes lideranças e preparados bons católicos. Criou-se um momento triste para a Igreja: os jovens simplesmente sumiram das igrejas.
Na Igreja São Pedro, tínhamos um grupo de 60 crismandos. Era uma esperança para a Igreja. Em maio daquele ano de 1973, junto com a Ir. Jocélia e com algumas jovens do Emaús, começamos a preparar um "retiro de crismandos". Colocamos algumas técnicas do Emaús, com músicas próprias, com monitores de grupo e a participação de um casal.
Nos dias 14 e 15 de julho daquele ano de 1973, com 19 jovens, 8 monitores, a Ir. Jocélia e um casal nos dirigimos a Medianeira para o "Retiro de Crismandos". Tínhamos um objetivo claro: apresentar um Cristo capaz de fascinar os jovens e atraí-los para o seu caminho. Tudo correu normalmente. Mas os jovens queriam fazer novos retiros com esta mesma metodologia.
Fizemos um trabalho em comunidades, com a pergunta: Como você chamaria esse Retiro? Entre muitas sugestões apareceu uma: CLJ - Curso de Liderança Juvenil. Posto no quadro, junto com outras sugestões, foi feita a votação. Não deu outra. Os jovens queriam logo fazer um segundo "retiro" destes, para os colegas da crisma que não tinham apostado no primeiro.
Após várias e demoradas reuniões, veio a data esperada. Quando encostou o ônibus, lá nos fundos da Igreja São Pedro, parecia início de uma revolução. Gente de todos os lados. Lá estavam os 55 jovens inscritos, com seus pais, familiares e um número incalculável de curiosos.
E a continuidade foi melhor ainda. Muitos jovens já estavam de férias e começavam a vir a missas todos os dias. No domingo seguinte, nosso grupo estava assumindo a missa das 11 horas. Tornou-se em pouco tempo a missa mais cheia.
O nosso querido Cardeal Dom Vicente Scherer ficou um pouco assustado. Já tinha ouvido falar nos "abraços e beijos", coisa nova na Igreja de Porto Alegre. Mas, no final ele me disse: "Pe. Zeno, continue com a minha bênção. Se este movimento vem de Deus, vai progredir e dele surgirão vocações para o sacerdócio e a vida religiosa; se não vem de Deus, em pouco tempo vamos acabar com isso antes que seja tarde".
Após uma reunião com Dom Antônio, o CLJ foi reconhecido como "Movimento Arquidiocesano", aberto para as paróquias que o quisessem implantar.
Assim, o CLJ foi se firmando como "momento", enquanto curso de apenas três dias, e como "movimento", enquanto grupo fixo e estável que vai trabalhando como pastoral de jovens, onde sempre estava muito presente a grande frase de Paulo VI: "É preciso que o jovem seja apóstolo de jovens". Em pouco tempo, o CLJ foi se espalhando pelas Paróquias de Porto Alegre, depois foi para as dioceses do interior e hoje está espalhado por grande parte do Rio Grande do Sul e já recebendo pedidos para implantar em outros Estados.
Atualmente o CLJ está implantado em seis dioceses: Porto Alegre, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Frederico Westphalen, Vacaria e Bagé. São mais de 200 Paróquias onde funcionam grupos animados de jovens, com a participação de casais adultos e com uma vivência cristã, voltada para a evangelização da juventude. Já foram realizadas mais do que 500 cursos e, seguramente, mais do que 20 mil jovens já foram atingidos.
Em nossa diocese, já temos vários sacerdotes provenientes das filerias do CLJ e nos seminários temos ainda grandes esperanças de vocações, nascidas em nosso meio.
No entanto, o que foi assumido há vinte anos, como o Hino do CLJ, se concretiza em toda parte: "Unidos estamos aqui, unidos queremos ficar... é preciso que o mundo seja um pouco melhor, porque nele eu vivi e por ele tu passaste meu irmão".